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Janela para o velho mundo

No banco duro do subterrâneo mais temido da polícia de fronteira do aeroporto da França estava a moça mexicana. Não falava francês, levava uma pequena mala e um sorriso assustado. Perguntei o que faltava a ela. A mim, com tudo legalizado, faltava apenas um carimbo no passaporte que a polícia “esquecera-se” de fazer. A ela, faltava quase tudo que se exigia para ser um turista na França: um seguro saúde, 60 euros por dia, a hospedagem. Antes de sair, acompanhada do único policial simpático em quilômetros, muito rápido consegui dizer-lhe “suerte!”. A intérprete dizia que ela ficaria detida por 24 horas. Depois ela mesma se corrigiu: detida não, retida. Em uma sala com cama e ducha, onde ela poderia tentar resolver sua situação, se não, seria deportada para o México. No mesmo pé que chegou, ela seria mandada embora. E assim começou minha vida no velho mundo: as portas fechadas para mais uma pessoa originária de um país da qual a França já tentou expandir seu império.