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Mostrando postagens de novembro, 2006

O Eterno Frio da Primavera

“Um livro, sempre uma tábua de salvação, poderá permitir sonhar que muitos lugares podem ser o Lugar” Abandonei, depois da página final, a mesa do bar. A última olhada me diz: um cinzeiro com três bitucas, uma garrafa vazia, um resto de prato e uma lágrima contida. Tudo o em volta me dizia o contrário, pessoas com aventais brancos riem alto mas eu não ouço. Estou lá naquela ilha do Chile, na qual estive há dez anos. Chiloé. Lá comprei uma boneca, chamada pelas artesãs da ilha de bruja . Una bruja de Chiloé. Llevátela! Nunca conversei com ela, não aos dezenove anos. Talvez eu devesse. Lá neste lugar que, pelo livro, é o sul do Sul, tudo era lã de carneiro cheirando a curral e cerveja gelada tirada da prateleira. O frio, o maior que já suportei na vida. Mas não tão cruel quanto este insuportável frio de primavera que me ronda há anos, que parece ancestral. O livro que me apego há 48 horas conta sobre o amor. É um romance sim, que tenta agarrar todas as mil faces do amor neste século qu