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Mostrando postagens de julho, 2018

Esperando as águas

A água da chuva é uma água ansiosa. Foi o que o Pessoa falou. O mato espera, a lagoa espera, o corpo espera. Minhas águas chegam nesta espera pelo sutil tato calculado. Enquanto a chuva não parar ele não entrará por aquela porta. Até que a chuva não passe ele não irá embora. A chuva é uma água ansiosa e eu também sou

Um barco, não sabia se estava partindo ou chegando...

No sonho da moça o barco pairava perto de um porto. Imagem estática: uma fotografia noturna, tingida pela lua vermelha. Pintura que emanava cheiro quente de peixe e maresia de âncoras enferrujadas, cordas podres de velhos nós que se agarravam nas madeiras quase vivas de cracas. Renascidas a cada maré; pra dentro e pra fora das conchas... pra dentro e pra fora... Cortantes. Pirata. Marinheiro. Sentado de costas no barco que oscilava com a marola, no súbito único movimento daquele quadro. Com seus pés feitos raiz em terra, ela adivinhava seus olhos secos de sal, observando o eclipse, traçando os mapas no céu para a próxima partida .