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Mostrando postagens de 2010

Ficção Cega na casa que não tinha paredes

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No dia que eu te encontrar de novo o mundo vai parar de rodar por uns instantes Eu vou te olhar e vamos começar a dançar uma música que talvez nem esteja tocando Eu vou deitar a cabeça no seu ombro, e, agarrada à sua mão, fechar os olhos De olhos fechados vou cheirar o seu pescoço e sua barba e seu cabelo E a música que não estava tocando vai emendar em outra e em outra Sei que vou secar uma lágrima em sua blusa, disfarçadamente E vou dizer, no pé do seu ouvido para que você nem ouça, meu amor

Uma Composição da T. do Amaral

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O caminho marcado por pedrinhas brancas e roliças ficara pra trás. Um grande prado verde assumia à minha frente o papel de infinito: caminho sem bordas, sem limites, nem trilhas. Em algum lugar por ali existe um oásis, eu sei. Consigo enxergá-lo mas não tenho certeza se já quero estar lá. Vou continuar nesta grama onde minhas pegadas não deixam marcas. Se alguém me quiser encontrar, segue meus cabelos que teimam em crescer contra o vento. Na outra ponta estarei eu.

Cupido, do Edward Munch

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Eu te convido para minha cama e neste abraço prolongado, ancestral e sempre inacabado, procuro com sede, com medo e com certeza, o amor. Algumas vezes você aparece como vento, como pedra, como eletricidade, como açúcar como anjo.

Sabedoria Manoel, o de Barros

Para entrar em estado de árvore é preciso partir de um torpor animal de lagarto às 3 horas da tarde, no mês de agosto. Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer em nossa boca. Sofreremos alguma decomposição lírica até o mato sair na voz. Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

Extra! Extra!

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Mulher chorando é vista em outras paragens! Uns esculpem, outros fotografam, outros sonham. A Flor que não Existe desenha pra inspirar a gente a fazer tudo isso!

Uma mulher de pedra que chora.

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Da multidão que passa por ali todos os dias poucos notam a mulher. Se você parar um pouco em frente a ela, e apurar os ouvidos, ela te contará sua história. Às vezes, o tempo de uma fotografia é suficiente. Ela me contou, ou eu escutei, que um dia sentara ali para esperar seu homem; um homem que ela conhecia ou que ela queria conhecer - ninguém sabe. Chegara ali em uma primavera, sentara confortavelmente num banco do páteo em frente ao Museu do Louvre e olhara a multidão. De início, com a coluna ereta, um cruzar de pernas, um olhar afiado. De todos os homens, cada um podia ser ele. Alguns até firmaram seus olhos nos dela, disseram um oi, olharam suas pernas. Os dias foram passando e alguns homens lhe deixaram flores, outros poemas, mas a maioria passara indiferente por ela. Entrara o verão e fora embora. Depois o outono e também fora, e com eles tantos outros homens. Quando eu parei ali para olhá-la e tirar sua foto já era inverno. Ela parecia uma estátua de pedra, encurujada, triste,