Um barco, não sabia se estava partindo ou chegando...
No
sonho da moça o barco pairava perto de um porto. Imagem estática: uma
fotografia noturna, tingida pela lua vermelha.
Com seus pés feitos raiz em terra, ela adivinhava seus olhos secos de sal,
observando o eclipse, traçando os mapas no céu para a próxima partida.
Pintura
que emanava cheiro quente de peixe e maresia de âncoras enferrujadas,
cordas
podres de velhos nós que se agarravam nas madeiras quase vivas de
cracas. Renascidas a cada maré; pra dentro e pra fora das conchas... pra
dentro e pra
fora... Cortantes.
Pirata.
Marinheiro. Sentado de costas no barco que oscilava com a marola, no súbito único
movimento daquele quadro.
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