Da multidão que passa por ali todos os dias poucos notam a mulher. Se você parar um pouco em frente a ela, e apurar os ouvidos, ela te contará sua história. Às vezes, o tempo de uma fotografia é suficiente. Ela me contou, ou eu escutei, que um dia sentara ali para esperar seu homem; um homem que ela conhecia ou que ela queria conhecer - ninguém sabe. Chegara ali em uma primavera, sentara confortavelmente num banco do páteo em frente ao Museu do Louvre e olhara a multidão. De início, com a coluna ereta, um cruzar de pernas, um olhar afiado. De todos os homens, cada um podia ser ele. Alguns até firmaram seus olhos nos dela, disseram um oi, olharam suas pernas. Os dias foram passando e alguns homens lhe deixaram flores, outros poemas, mas a maioria passara indiferente por ela. Entrara o verão e fora embora. Depois o outono e também fora, e com eles tantos outros homens. Quando eu parei ali para olhá-la e tirar sua foto já era inverno. Ela parecia uma estátua de pedra, encurujada, triste, ...