Primeiras viagens, Parte I

Lanço ao mar esta garrafinha cheia de dúvidas. Educadores (as) e professores(as), S. O.S. Pelamordedios!

1. Resolução de conflitos em sala de aula
a) Como resolver um conflito banal, como: “Sora, ele pegou meu lápis!” ou mesmo “Sora, ela jogou a minha tampa de caneta lá”
b) Como resolver um conflito grave,como o menino de 14 anos da 5ªB dizendo para a menininha de 10 anos da mesma sala que ia “arregaçar a boceta dela”
c) Como resolver este típico argumento infantil: “Foi ele que começou, Sora!”

2. Métodos e mágicas
a) Como atender a 40 chamados ao mesmo tempo.
b) O que fazer com uma sala refugo (desculpe o termo, educadores), que tem todo o tipo de crianças, como:
1. Com dificuldade de aprendizagem e um histórico familiar que só o resumo me arrepiou (vou poupa-los), que não enxerga a lousa, não quer sentar na frente (vou tentar de novo), me chama a cada linha pra ver se está certo, fica com preguiça de copiar no meio da aula e ainda é chamada de bugiganga pelos meninos da sala, porque fica mexendo com eles o tempo inteiro.
2. Uma criança quieta porém copista. Sem autonomia para escrever. Quando escreve, parece grego arcaico. Só o alfabeto está certo, e a caligrafia bonita, e as canetas coloridas. O sentido das sílabas, nem ela sabe.
3. Um outro menino muito barulhento e muito bom, que acaba antes de todo mundo e fica falando (que na quinta série significa gritar devido ao tom de voz “franguinho desafinado” que eles tem).
4. Na onda deste que fala muito, mais uns cinco, que eu olho o caderno de cinco em cinco minutos, demoram pra terminar, estão três lousas atrás e mandam mal na escrita.
5. Uma outra lindinha e meiga que não quer falar do passado porque viu coisas que ninguém merece. A linha do tempo dela teve que ser feita em cima de seus ídolos: os artistas do Rebeldes. Correram duas lágrimas quando ela contou porque não lembraria da própria vida. A coordenadora chamou de chantagem emocional. Sei não. Aliás, ela quer ser modelo e já tem um grupo de dança que imita estes aí em cima
6. Uma grande massa de crianças que mandam super bem, interessadas, que acabam no tempo médio.

Será que eu perdi estas aulas na FE/USP?

3. Resistir ou ceder?

a) Quais tipos de “broncas” ou “erguidas” podem fazer efeito sem nos utilizarmos daquelas que eles escutam há anos, berradas e cheias de chantagem. Ai, a chantagem, difícil de se livrar. Será que este tipo de escola também está na minha mente e corpo pra sempre?
b) Como lutar contra o paradigma: invisibilidade = silêncio vs. visibilidade = baderna? Eu quero que eles aprendam a falar comigo!

4. A infra que me falta
a) Como trabalhar com textos sem livro? (Metros e metros de lousa todo dia)
b) Como trabalhar com fotos sem material?
c) Como eu vou ensinar a História mesmo?

Ai!

Comentários

Anônimo disse…
Só seguindo o caminho que cê fez:

1.
a) vá lá e pegue, não é seu??
b) repreenda com firmeza e se ele insistir ameace arregaçar o cú dele com o apagador
c) não quero saber quem começou!! parem agora!!

2.
a) Não atenda nenhuma. Ou fala um por vez ou você não fala com ninguém, não berra, não se mexe, não faz absolutamente nada.
b) Suporte ou bote uma bomba na escola. O que for menos trágico. 1. Se quiser suportar tente conversar só com ela. Se não adiantar peça ajuda. Se escolher outra alternativa, bote a bomba ao lado da sala da diretoria, pra não ter erro.
2. É mais comum que você imagina. Sem a ajuda de sua colega professora de português é mais um caso de analfabeto letrado. Ela precisa escrever textos próprios, se permanecer fingindo escrever, não é de um professor que ela precisa.
3. Separe ele, dê mais atividade a ele ou enfie um pano na boca dele.
4. Decisão difícil: ou você dá menos texto, ou você separa os caras ou você conta o caderno como um elemento considerável da nota e bota na bunda desses caras pra que escrevam.
5. Não sei, você recebe dois salários pra resolver isso??
6. O tempo escolar é médio mesmo. Funciona como a economia do trabalho escravo: já que tem que se fazer mesmo, é no maior tempo possível. Saque qual é a média e toque as coisas, independente dos atrasados. Ressalva aos que de fato têm dificuldade e não apenas ficaram conversando.

Essas aulas não existem na FEUSP.

3.
a) Não grite. Apenas em último caso. Mas quando gritar cuspa sangue. Responda somente as questões postas em público. Evite broncas coletivas. Responsabilize, diga o nome de quem atrapalha. Fale você com eles, antes de tudo os chamando pelo nome. Broncas sérias: chegue no pé do ouvido do cara e fale "qualé que é?"

b)Faça produções. Não apenas textos. Desenhos, bole jogos, historinhas em quadrinhos, monte exposições, veja filmes, até tv vale, ouça música, valorize quem fica quieto pela produção.


4.
a)Não dá. Ou você espera o livro ou vai abrir uma batalha campal com eles que estão mais em forma que você e ainda são 40.

b)Imagens e olhe lá. Peça revistas. Uma de cada pela menos. Velha. Foto mesmo, deles, só num super esquema a ser preparado o ano inteiro...

c) Sinceramente, não vai. Vai tentar apresentar para uns tantos caras um espaço coletivo e a História nisso é só desculpa!
Bia disse…
Nossa!
Nem sei por onde começo!
Quem é esse ANÔNIMO?
A-D-O-R-E-I!!!!
Concordo com tudo!!!
É isso mesmo!
Se na FEUSP essas aulas não existem, já encontramos a(o) profissional adequada(o)!!
Queremos ANÔNIMO na FEUSP!!!

Cqs, é isso mesmo!
Cair na realidade é uma delícia!
Anônimo disse…
Prezada Cuca,
adorei nossa viagem de carnaval. Já matei saudades e estou muito feliz.
Gostei das respostas de nosso colega anônimo (é o Éder, né?). Vou praticar também. Força, aí com esses "ratos" (rs).
Vou seguir teu conselho e abrir um blog. Faz 2 horas que estou fuçando na vida de pessoas que não sei quem são.
Beijocas
Raquel
Bia disse…
Lindinha,
Liga aí!
Manda teu planejamento...
Mando o meu, trocamos umas idéias...
Quero ver se apareço ém sampaulo...
Infelizmente não será nesse próximo...

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