Um encontro com Medusa



Decorre da sabedoria popular um ensinamento “Não chama que vem”. Não se costuma falar no nome do diabo, até que se inventaram tantos nomes quantos se permitiu e, assim, disfarçar o inominável.
Outro dia caminhava pela rua com uma amiga, perguntando por um alguém que não mais vi, falei ou tive notícias. Viste? Não, ninguém viu.
Atravessamos a rua filosofando sobre a incrível sabedoria anterior “Se não chamar, também não vem”.
E naquele segundo de vacilo, olhei pra trás e na esquina, atravessando a rua, passava este outro alguém.
Reconheci pela maneira tão familiar de andar, pelo contorno do corpo, pelos cabelos, os braços e claro, pelas serpentes sobre a cabeça dele.
A amiga pensou em chamar. Com o coração na boca, eu virei e continuei montanha acima, pra não virar pedra uma segunda vez.

Comentários

Lá na vila, na gramática expositiva do meio da rua, nesses casos, a gente dizia assim: "figuinha-licença!"
Anônimo disse…
ESTRADA


"Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única."
Manuel Bandeira

beijocas...
Anônimo disse…
Genial!

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