Soube desde que botei os olhos em você de que teria que te dar de olhos fechados. O pouquinho que eu abri, olha no que deu, me perdi nas suas profundezas. Devia de ter aberto menos...
Não havia criatura divina ou humana mais bela que Psique. Contudo ela era uma simples mortal. Certo dia ao descer do Olímpo, por ela Eros apaixonou-se... O resto da história todo mundo sabe: eles construíram um grande momento, mas para escapar do ciúmes maternal de Afrodite, Psiquê jamais poderia ver seu amado e consequentemente o sururulele rolava no escurinho mesmo. Mas a tentação, como sempre, foi forte demais. Ao acender o candelabro o doce ficou azedo, e o t grande ficou pequenininho. E foi assim que a vida virou uma postagem do brogue da cúscula...
Eu te convido para minha cama e neste abraço prolongado, ancestral e sempre inacabado, procuro com sede, com medo e com certeza, o amor. Algumas vezes você aparece como vento, como pedra, como eletricidade, como açúcar como anjo.
Das ficções penduradas pelo meu quarto esta é a única que não fala diretamente do amor. Apesar de que todos estes caracóis e bolinhas coloridas como flores só me fazem pensar nele. Dá pra perceber também que esta árvore da vida ultrapassa as molduras que puseram pra ela, num corcovear infinito de vais e vens, quase mesmo que nem a vida. Alguns galhos desta árvore mítica produziram uns frutinhos, que parecem ter dois olhos egípcios, os quais eu não consigo interpretar. Sentado quietinho, de costas pra nós, está o urubu, ou o corvo, ou uma coruja, ou mesmo um assum preto. Ele, de vez em quando, se alimenta dos frutinhos com olhos egípcios. Neste dia morre um monte de gente. Depois parece que ele faz cocô e fertiliza o chão ali embaixo, e mais bolinhas coloridas vão crescendo como flores. Nesse dia nasce mais um monte de gente e os galhos da árvore se contorcem de alegria...
Há anos comprei três quadrinhos de colocar fotos, em uma loja de 1,99. De cara coloquei uma foto minha em um deles, o que pintei de vermelho. Alguns anos depois achei a foto para o amarelo: os pés dos meus amigos sentados em roda, em um encontro para outro mundo possível. Mas aquele que eu pintei de azul permanecia vazio até hoje, quando encontrei a foto que a ele pertencia. Minha cachorra e seus dez filhotes. É em homenagem a ela que inventei este outro final para sua vida, porque afinal, desaparecido é um estatuto político. “Caminhou dias seguindo um rastro; este rastro era o cheiro que ela sempre procurara. Diferente e irresistível. Por causa dele ela andou para cada vez mais longe dos lugares que conhecia. Não se sabe quando ela chegou ao final da busca, mas na beira de uma cachoeira estavam muitos outros bichos. Cachorros de todos os tipos. E eles a reconheceram. Grande mãe dos olhos amarelos, bem-vinda à sua nova casa – disseram." Eu sei, no final do rastro, estav...
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Certo dia ao descer do Olímpo, por ela Eros apaixonou-se...
O resto da história todo mundo sabe: eles construíram um grande momento, mas para escapar do ciúmes maternal de Afrodite, Psiquê jamais poderia ver seu amado e consequentemente o sururulele rolava no escurinho mesmo.
Mas a tentação, como sempre, foi forte demais. Ao acender o candelabro o doce ficou azedo, e o t grande ficou pequenininho.
E foi assim que a vida virou uma postagem do brogue da cúscula...