Por que é tão difícil

Em um dia espetacularmente ruim, dentre inúmeros outros na escola, deparo-me com conversas amigas em blogues amigos.

Segue então, meu desabafo


Após uma sequencia de roubos e sumiços de mp3, celulares, canetinhas caras, mochilas dos alunos (ninguém manda trazer na escola! dizem os colegas), desapareceu ontem o celular caro com strass da vice. A polícia encarregada de “escolares” compareceu à escola e logo achou um bodinho, de treze anos, respondão, malcriado, teimando que não foi ele, e este achou de responder a otoridade policial.

E ele levou um, dois chutes na frente de outros alunos, da direção, e de seu irmão, que gritava desesperado pela grade, enquanto era ameaçado que seria pego na rua pela digníssima tropa especializada na manutenção do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Esbravejo pela escola, escuto outros alunos, falo com a direção (Que qué isso? Ela ri que é mentira), meus colegas de categoria aplaudem e escuto o eco de minha própria indignação pelas paredes cinzas.

Terei, na próxima aula, que contar pra eles como proceder num caso desse, e devo alertá-los que denunciar, infelizmente e especialmente pra eles, é viver com medo, mas não viver humilhado. Terei que contar que minha cicatriz na sobrancelha é testemunha disso, e que é sadio não responder a um policial num caso desses, ainda mais se você estiver na rua, num beco escuro.

Mas pior é o beco escuro da injustiça.

Comentários

Bia disse…
faria o mesmo...
as vezes temos que abaixar a cabeça...
que lixo!
Anônimo disse…
Fiotis, discutir violência com uma população que sabe muito bem o que é isso É atender suas necessidades de vida hoje. Discutir violência policial na escola pode ser um caminho para realização de direitos humanos. Saber baixar a cabeça pros polícia e conhecer seus direitos e os locais de denúncia pode ser ensinado na escola. Melhor a escola ensinar do que o beco escuro de onde nem sempre se sai vivo.
Beijão,
Aline
Deus que horror!... É isso aí Cuca, fica do lado dos alunos, porque ninguém mais tá.
X disse…
Às vezes, de tanto ver e ouvir e ler coisas assim, ficamos num desencantamento tão grande, que, mesmo que só por uns instantes, não enxergamos mais nenhuma luz... E, distraidamente, nos pegamos a pensar que talvez a luta seja em vão e que o mundo realmente não precisa de nós... e só aí, nos damos conta da nossa ridícula insignificância...

Beijo,
Shis

Postagens mais visitadas deste blog

Ficção Cega na casa que não tinha paredes

Árvore da Vida, do Klimt

Cupido, do Edward Munch