Das ficções penduradas pelo meu quarto esta é a única que não fala diretamente do amor. Apesar de que todos estes caracóis e bolinhas coloridas como flores só me fazem pensar nele. Dá pra perceber também que esta árvore da vida ultrapassa as molduras que puseram pra ela, num corcovear infinito de vais e vens, quase mesmo que nem a vida. Alguns galhos desta árvore mítica produziram uns frutinhos, que parecem ter dois olhos egípcios, os quais eu não consigo interpretar. Sentado quietinho, de costas pra nós, está o urubu, ou o corvo, ou uma coruja, ou mesmo um assum preto. Ele, de vez em quando, se alimenta dos frutinhos com olhos egípcios. Neste dia morre um monte de gente. Depois parece que ele faz cocô e fertiliza o chão ali embaixo, e mais bolinhas coloridas vão crescendo como flores. Nesse dia nasce mais um monte de gente e os galhos da árvore se contorcem de alegria...
Quando Zizou nasceu ela não tinha bolas. Pequenininha eu a vi, ainda sem estar certa de querer ter um gato, chamei-a por esse nome; ela parou de mamar e me olhou. Descobri que era o meu bicho. O nome vinha do jogador argelino, Zidane, um menino. O apelido, Zizou, podia servir para meninas, mas já predizia a confusão. Agora, com três meses, quase não restam dúvidas. Zizou é um menino: brinca de lutinha, gosta de morder, de azul e tem inegáveis bolinhas. Ainda que incerto seu real gênero, o nome Zizou continua servindo para os dois.
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beijinhos