No último sábado eu fui em um batizado. A última cerimônia destas, que eu me lembro de ter ido, foi o meu próprio e do meu irmão.
Da geração dos filhos da Saúde Pública, meus pais - ainda bem - optaram para que eu escolhesse minha religião, meus padrinhos e quem sabe, por Deus, ser agnóstica.
O caso é que eu vim parar em um bairro circunvizinho a uma paróquia, e o meu orgulho de não ser batizada foi rapidamente substituido por um puro cagaço e um certo sentido de deslocamento. Aos sábados de manhã eu não tinha o que fazer, todas as crianças iam ao curso de primeira-comunhão; aos domingos, nas missas que eu fui, nem sabia direito o que fazer.
Além do que as avós horrorizadas faziam um trabalho de base fortíssimo e eu sei rezar todas as rezas, sei fazer o nome do pai, tinha crucifixo e anjo da guarda na borda da cama. Não sei quem foi, mas me convenceram a ser batizada.
Escolhi meus padrinhos, meus tios cariocas e ambos quase ateus, e fomos procurar uma igreja que não precisasse de cursinho. Depois de percorrer a lista telefonica, achamos a uma no Cambuci
O padre muito simpático batizava os padrinhos e os afilhados, todos em uma grande fila. Me lembro das avós estranharem, mas ninguém reclamou afinal deixaríamos de ser pagãos. E assim, foi: fui desculpada do pecado original e ainda tinha dois fiadores para garantir.
Acontece que neste batizado de sábado passado eu fui convidada pela minha sobrinha de 9 anos para ser sua madrinha. Nenhuma igreja quer batizá-la - os padres vem dizer que ela passou dos sete anos. Eu topei, afinal, ela me escolheu.
O problema é que eu tive a certeza de que meu batizado é inválido para a igreja católica, portanto eu continuo pagã. Aquela igreja fazia parte de uma dissidência excomungada em 1946, por desvios de doutrina, por duvidar da autoridade do papa e por tendências socializantes. Buscando na internet as respostas para a validade do meu sacramento achei o site da igreja, com o lema: Deus, Terra e Liberdade.
Adorei!.
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