Dos que vieram antes de mim!

Faz tempão que eu tenho um avô que não conheço. Aliás, conheci pequena, mas logo meus avós se divorciaram (mesmo, nos anos 70, devem ter sido os pioneiros, de papel e tudo), brigaram e minha avó tomou posse da família. Ele, por seu lado, criou outra. Há dez anos atrás o vi, beijei e abracei no enterro do meu pai, situação muito triste para conhecer um avô já velho.
Mas está fazendo um mês que estou sentindo muita necessidade de conhece-lo. Diz a lenda que era um avô bonachão, boêmio, bom-coração, poeta, jogador de futebol corintiano roxo das antigas várzeas do Tietê (tem foto disso, lindo!). Era também um homem lindo, de olhos verdes rasgados, moreno índio, espírito de italiano.
Daí neste final de semana recebi um telefonema de uma tia avisando: o homem está fazendo 80 anos. Parece que com alguns problemas de saúde, circulação, varizes, risco de amputação. Também, fuma até hoje. Mas está vivíssimo e bem.
Que alívio: é muito bom se encontrar naqueles seus que vieram antes de você.

Resolvi telefonar.
_Oi, aqui é sua neta, eu soube que o senhor está fazendo 80 anos?!
_ Que emoção, que felicidade, filha, deusteabençoe, eu lembro de você no meu colo querendo pegar o abajur (?).
(Sim, avô, faz quase trinta anos, mas eu estou aqui e queria te agradecer por ter vivido tanto pra esperar por isso.)

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Tô, ansioso, esperando a foto e texto sobre o futebol da várzea do Tietê em que seu avô tanto chafurdou! Vamos publicá-lo lá no campão.

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